quinta-feira, janeiro 13, 2005
Minutos de Silêncio
Devia haver um minuto de silêncio por todos os textos que ficaram por escrever e por isso foram esquecidos, por todas as páginas que ficaram em branco e por isso nunca viveram, por todas as frases que foram apagadas.
Cada vez que seleccionamos um pedaço de texto e premimos o “delete” estamos a condenar um pedaço de imaginação ao esquecimento. Pode ser um pedaço mau, pode até estar a dar lugar a outro mais forte. Afinal de contas inventámos as letras, inventámos a escrita, somos Deuses deste pequeno mundo e podemos praticar abortos e eugenias alfabéticas à vontade.
Mas é triste à mesma. As frases más poderão não ter direito a viver, mas fomos nós que as criámos más. Não têm culpa. E eu, que até sou contra o aborto acho que cada delete, mesmo que necessário é uma tristeza e não devia ser vista com orgulho mas sim com solenidade. E por isso exijo um minuto de silêncio por cada uma das vitimas.
Somos Deuses deste pequeno mundo mas somos Deuses imperfeitos, porque não somos Deuses mas sim homens. E por isso temos necessidade de apagar e corrigir o que criamos. Não devia ser assim. Se fossemos perfeitos não seria assim. Moisés teve que esperar enquanto Deus revia e corrigia a sintaxe dos dez mandamentos? Não me parece.
Um minuto de silêncio pela nossa imperfeição.
E finalmente, porque nem este texto de homenagem às letras caídas pôde ser escrita sem recurso ao maldito botão da morte. Um minuto de silêncio por todos os que caíram simplesmente porque me apeteceu escrever isto. Um minutos de silêncio é um sexagésimo de uma medida. Os restantes 59 são de júbilo pelos sobreviventes, pelas ideias que escrevi agora e que por isso jamais serão esquecidas.
Devia haver um minuto de silêncio por todos os textos que ficaram por escrever e por isso foram esquecidos, por todas as páginas que ficaram em branco e por isso nunca viveram, por todas as frases que foram apagadas.
Cada vez que seleccionamos um pedaço de texto e premimos o “delete” estamos a condenar um pedaço de imaginação ao esquecimento. Pode ser um pedaço mau, pode até estar a dar lugar a outro mais forte. Afinal de contas inventámos as letras, inventámos a escrita, somos Deuses deste pequeno mundo e podemos praticar abortos e eugenias alfabéticas à vontade.
Mas é triste à mesma. As frases más poderão não ter direito a viver, mas fomos nós que as criámos más. Não têm culpa. E eu, que até sou contra o aborto acho que cada delete, mesmo que necessário é uma tristeza e não devia ser vista com orgulho mas sim com solenidade. E por isso exijo um minuto de silêncio por cada uma das vitimas.
Somos Deuses deste pequeno mundo mas somos Deuses imperfeitos, porque não somos Deuses mas sim homens. E por isso temos necessidade de apagar e corrigir o que criamos. Não devia ser assim. Se fossemos perfeitos não seria assim. Moisés teve que esperar enquanto Deus revia e corrigia a sintaxe dos dez mandamentos? Não me parece.
Um minuto de silêncio pela nossa imperfeição.
E finalmente, porque nem este texto de homenagem às letras caídas pôde ser escrita sem recurso ao maldito botão da morte. Um minuto de silêncio por todos os que caíram simplesmente porque me apeteceu escrever isto. Um minutos de silêncio é um sexagésimo de uma medida. Os restantes 59 são de júbilo pelos sobreviventes, pelas ideias que escrevi agora e que por isso jamais serão esquecidas.
Comments:
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É curioso...
Eu acho que as palavras morrem quando passam a letras...
O discurso é vivo, a letra é morta. A vida está em quem escreve ou em quem lê. De que nos vale a escrita quando não é lida? Quantos livros ou textos repousam, quais cadáveres, perdidos nessas bibliotecas? E quem diz bibliotecas, diz garagens, gavetas, antros, esconderijos até! Há vida ali? Não, não há!
Agora, quando alguém os redescobrir e se dignar a ler, aí sim. Este texto está vivo agora que o escrevo. Em breve morrerá e quando algum de vós o ler, ele renascerá e ganhará uma nova vida, um novo sentido, uma nova interpretação. Neste sentido, algo de morto origina vida, ressuscita na vossa leitura e reconstrói-se na vossa interpretação. Só para reforçar a ideia: imaginem que por uma qualquer catástrofe toda a humanidade morria, mas a matéria por cá ficava - os livros por cá ficavam. Essas letras estariam para sempre mortas, como toda a matéria, pois faltaria o espírito que lhes desse vida.
Assim, contra-proponho uns momentos de silêncio por todas as palavras que poderiam ser ditas, mas que, ao serem escritas, se arriscaram a não mais viver!
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Eu acho que as palavras morrem quando passam a letras...
O discurso é vivo, a letra é morta. A vida está em quem escreve ou em quem lê. De que nos vale a escrita quando não é lida? Quantos livros ou textos repousam, quais cadáveres, perdidos nessas bibliotecas? E quem diz bibliotecas, diz garagens, gavetas, antros, esconderijos até! Há vida ali? Não, não há!
Agora, quando alguém os redescobrir e se dignar a ler, aí sim. Este texto está vivo agora que o escrevo. Em breve morrerá e quando algum de vós o ler, ele renascerá e ganhará uma nova vida, um novo sentido, uma nova interpretação. Neste sentido, algo de morto origina vida, ressuscita na vossa leitura e reconstrói-se na vossa interpretação. Só para reforçar a ideia: imaginem que por uma qualquer catástrofe toda a humanidade morria, mas a matéria por cá ficava - os livros por cá ficavam. Essas letras estariam para sempre mortas, como toda a matéria, pois faltaria o espírito que lhes desse vida.
Assim, contra-proponho uns momentos de silêncio por todas as palavras que poderiam ser ditas, mas que, ao serem escritas, se arriscaram a não mais viver!
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